Para quem se dedica ao estudo da Psicologia, Comportamento Organizacional ou Recursos Humanos, a pirâmide das necessidades de Maslow não deve ser totalmente desconhecida. Abraham Maslow, um psicólogo americano que trabalhou no famoso MIT, desenvolveu uma teoria de personalidade assente numa hierarquia de necessidades, segundo a qual afirmava que cada ser humano necessitava, patamar a patamar, de satisfazer um conjunto de necessidades de um tipo antes de poder satisfazer necessidades de outro tipo.
Fonte: Laudon Online
Olhando bem para esta pirâmide, vemos que temos de passar pelos diversos patamares até conseguirmos atingir sentimentos de autoestima e de realização pessoal, sendo fundamental para os quais vermos satisfeitas as necessidades mais básicas como seja a alimentação, aspectos fisiológicos do nossos organismo, ter uma casa, um emprego e uma família.
Será que esta pirâmide não poderá estar presente em outros campos, com as devidas adaptações? Não teremos nós, por exemplo, no papel de cuidadores e de pais, que garantir que existe um conjunto de necessidades que estejam satisfeitas para os nossos filhos antes de podermos pensar em proporcionar-lhes actividades ou experiências? Claro que sim... Mas como será ver esta sequência de necessidades à luz de Montessori?
No blog Aprendiendo con Montessori encontrei uma pirâmide semelhante desenvolvida pela autora do blog para explicar o percurso que devemos seguir, na nossa aprendizagem e evolução enquanto adultos preparados, para conseguirmos construir o ambiente preparado de que a criança necessita para conseguir desenvolver-se ao seu ritmo e explorar o mundo que a rodeia. E aqui fica a casa Montessori.
Fonte: Aprendiendo con Montessori
Quando vi esta casa, não pude deixar de encontrar comparação com a pirâmide de Maslow: seguir Montessori, seja em casa ou na escola, requer um conjunto de aprendizagens enquanto indivíduos e evolução enquanto cuidadores que não se consegue se se quiser logo construir o telhado da nossa casa. Há que subir, patamar a patamar, até chegarmos a um estádio que nos permite oferecer mais à criança, de forma consciente e sem pressões. Seguir Montessori requer muitas leituras, muita aprendizagem, muita partilha de conhecimento com quem já esteja numa fase mais avançado do que nós para que possamos caminhar lado a lado das nossas crianças sem interferir, sem os forçar a seguir o rumo que nós pretendemos para eles em vez de os deixarmos mostrar-nos para onde querem ir. A casa de Aprendiendo con Montessori mostra-nos que, antes de começarmos logo em busca de materiais Montessori ou brinquedos que sejam Montessori-friendly, devemos começar por conhecer o método, conhecer quais os pilares em que ele se baseia e se efectivamente faz sentido para nós, enquanto pais e enquanto família (Montessori deve ser vivido como família e não apenas por um dos pais... A meu ver poderá ser algo condenado ao insucesso e que poderá também criar alguma confusão na criança, ao ver os pais a rumar em destinos quiçá opostos...).
Sobre os alicerces desta casa, Zazu descreve a importância que o adulto tem no processo de educação e de desenvolvimento, explicando que, qualquer que seja a abordagem que sigamos enquanto pais, enquanto adultos somos as personagens principais do processo de crescimento e aprendizagem dos nossos filhos assegurando, acima de tudo, o melhor exemplo que lhes podemos dar através de uma viagem realizada no nosso interior. Podemos não estar a 100% mas deveremos ter a capacidade de termos a disponibilidade psicológica necessária para garantir, em cada dia, as melhores experiências para os nossos filhos, como Zazu descreve no papel que poderemos ter enquanto pais e enquanto aplicamos Montessori em nossas casas: "A criança, segundo Montessori tem uma mente absorvente até quase aos sete anos, esta mente absorve tudo, indiscriminadamente, por isso é importante mostrar-lhe a melhor realidade possível. Desde o amor, o respeito, a educação, para que recolha todo o bem e logo possa oferecê-lo da mesma forma que o recebeu" (tradução livre a partir do post de Aprendiendo con Montessori "Nuestro papel como padres". Também não devemos encarar Montessori (ou qualquer outra abordagem que escolhamos enquanto família) como um segundo trabalho, em que traçamos objectivos e metas para cumprir a todo o custo. Assim não vai resultar e perder-se-á tempo em família de qualidade. Há que encarar com leveza aquilo que pretendemos fazer, com a resiliência necessária para perceber que um dia não é igual ao seguinte e que devemos ter presente uma capacidade de adaptação que nos permita contornar as dificuldades que possam surgir sem desistir. Devemos questionar-nos quanto ao que faz sentido para a nossa família para que as nossas escolhas possam ser vividas com a serenidade necessária para o crescimento da criança e o bem-estar da família.
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