Há uns dias escrevi sobre parent shaming e sobre a forma como alguns pais parecem atacar outros quando falam sobre as opções que seguem para os seus filhos, seja quando se fala de escola, de alimentação ou de qualquer outro assunto. Conforme escrevi nesse post, faz-me muita confusão como existem tantos entendidos sobre todos os assuntos relacionados com a maternidade/parentalidade e como existe tanta falta de bom senso quando são abordadas as escolhas que determinada família fez para lidar que a pequena cria que estão a cuidar. Perde-se tanta energia boa nestas picardias desnecessárias e que podia ser canalizada para fazer tantas coisas boas... Enfim...
E na publicação que fiz no Facebook sobre o parent shaming, claro que surgiu um dos temas que mais divergências origina... A amamentação e a utilização de leite artificial.
Sim, quando se fala em opções da família, a amamentação é sempre um dos assuntos mais controversos. Se assistirmos às conversas entre mães que se passam no mundo virtual sobre este tema, rapidamente percebemos que a segurança de estar a escrever-se por detrás de um écran e não cara a cara com a pessoa é o gatilho certo para fazer disparar o parent shaming com toda a força de uma bomba nuclear. Num comentário, falava-se de um grupo existente no Facebook e dos comentários que muitas vezes por lá surgem. Antes de acharem que vou aqui criticar o que quer que seja, posso dizer-vos: eu amamento. E amamento há 18 meses. Concordo em que existam grupos que disponibilizem informação fidedigna e ajuda a todas as mulheres, desmistificando todos os assuntos relacionados com a amamentação para que a sua decisão de amamentar ou não seja o mais informada possível. Acho que a existência destes grupos de mães no Facebook pode ser muito positiva e ajudar aquelas mães e futuras mães que não tenham uma rede de apoio familiar e de amigos tão bem sustentada e que possam aqui encontrar a solução para algumas das suas dúvidas. Mas não posso deixar de ficar triste com o tom que algumas das conversas adquirem, de crítica dura e de falta de bom senso na forma como as coisas são escritas (que fazem com que o conteúdo fique para segundo plano). Quem escreve no mundo online tem de ter presente que nem sempre quem lê tem a estrutura psicológica suficientemente forte para aceitar este ou aquele comentário de ânimo leve e deitá-lo para detrás das costas. Muitas das vezes, aquele momento online é a única companhia que aquela mulher tem no meio da vida complicada que leva. E é o momento em que procura ajuda...
Amamentar deve ser sempre um opção tomada em família e, primeiro do que tudo, pela mulher. Sim, há mulheres que simplesmente não querem amamentar pelos mais diversos motivos. Devemos criticá-las? Não! Podemos tentar perceber se tomaram a decisão de forma ponderada e fornecer-lhes as evidências mais recentes quanto às vantagens da amamentação, tanto para a mulher como para o bebé. Mas não devemos pegar nas pedras da calçada para as fazer sentir as piores mães do mundo. Ainda existe, entre muitos profissionais de saúde, a ideia de que existe leite fraco ou que a mãe não tem leite em quantidade suficiente para alimentar o seu bebé e, por isso, deve de imediato dar suplemento. Bem... Pensem que este tipo de situação acontece habitualmente na maternidade, com um reboliço do parto que acabou de acontecer e em que, particularmente nas mães de primeira viagem, todas as hormonas só contribuem para toldar os pensamentos mais concretos que possamos ter. Lembrem-se de que muitas mães queriam ter podido amamentar mas que, por falta do apoio certo dos profissionais de saúde e da família mais próxima, não o conseguiram fazer e por isso tiveram de passar a dar leite artificial. Isso pode ir contra a nossa forma de encarar este assunto e contra as orientações da Organização Mundial de Saúde... Mas devemos então despoletar um ataque a essa pessoa? Dentro de casa, só quem lá vive, sabe o que lá se passa... Por isso, devemos ter sempre muito cuidado quando atiramos a primeira pedra... Aquela pessoa pode estar a precisar muito da nossa ajuda...
Vamos praticar menos parent shaming quando se fala de amamentação, sim?
Adorei o post! Simples e eficaz! E, como mãe, já senti algumas coisas na pele. Felizmente aqui na Alemanha os profissionais parecem ser mais conscientes e ajudam-nos em vez de nos tirarem possibilidades.
ResponderEliminarcomhumoreamor.blogspot.de
Muito obrigada pelo seu feedback, Liliana! Fico feliz por a sua experiência na Alemanha ser mais positiva do que muitas mães por cá... Até a mim, já me aconteceu dizerem que eu tinha de deixar de amamentar para poder curar uma otite. Felizmente, consegui tratar do assunto pois tive outros profissionais de saúde que conseguiram ajudar-me sem ter necessidade de uma solução tão brusca. E graças à informação que tenho. Fico triste é por outras mães a que isso não possa acontecer e que sejam obrigadas a tomar esse tipo de decisão desnecessariamente...
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