Enquanto vamos crescendo, parece que vamos perdendo certas capacidades que nos permitiam olhar o mundo com olhos de ver. Não é à toa que Maria Montessori utilizou a expressão "mente absorvente" para se referir aos primeiros anos de vida de uma criança em que ela está totalmente receptiva a observar e a aprender com os olhos. Mas será que nós, enquanto adultos, perdemos essa capacidade de observar?
A correria do dia-a-dia... Os dias que começam muito cedo e com tantas coisas para fazer nas horas que temos por diante: preparar para sair de casa, ir deixar os filhos à escola, trabalho, repetir a passagem pela escola, chegar a casa, preparar jantar, banhos, organizar tarefas para o dia seguinte e só depois é que se consegue cair na cama para retemperar um pouco. Mas, fazendo a retrospectiva do dia... Será que nos dedicamos a observar algo? Fomos capazes de observar o céu o ver o seu azul e a forma das nuvens? Fomos capazes de nos sentar num banco de jardim a observar a dança das folhas nas árvores? Observámos as pessoas com que nos cruzámos? Muito provavelmente, não... A capacidade de observar verdadeiramente, não meramente de olhar, parece que nos vai escapando pelos dedos como a areia da praia. Parece que não temos tempo para isso. Cinco, dez, quinze minutos das 24 horas do dia parecem não poder ser gastos para meramente observar, sem tecer juízos de valor. Apenas absorver o que o mundo nos proporciona como as crianças no início das suas vidas e em que fazem a sua aprendizagem pela observação dos adultos.
Esta semana o Jardim da Descoberta lançou um desafio a que chamou "Quem se atreve a observar?".
Para quem começa a ler sobre Montessori, descobre que esta era fundamental para a forma como ela desenvolver o seu método e para o que fazia na Casa das Crianças. Conforme o post do Jardim da Descoberta e ao citarem Rambusch, "Segundo o método Montessori, o professor incapaz de observar não poderá ensinar". Estando muito longe de ser professora, enquanto mãe, sinto que apenas poderei corresponder melhor às necessidades do meu filho se olhar para ele de forma atenta, apreendendo aquilo que de que ele necessita em cada momento e se deseja que eu tenha uma presença mais activa ou que seja mera espectadora das suas actividades e brincadeiras. Com o seu desafio, o Jardim da Descoberta quer permitir-nos momentos de observação em que essa seja a nossa única tarefa e em que nos dediquemos a simplesmente observar a pequena criança que temos diante de nós. E eu senti que era um desafio para mim! Já acabo por fazer um pouco isto todos os dias. Ao chegar da escola e enquanto está nas suas brincadeiras, dedico-me a ver o que o meu filho gosta ou não de fazer, que utilização dá aos objectos, como se move e o que lhe prende mais a atenção. É essencial para mim e indispensável fazer isto todos os dias para me sentir capaz de o acompanhar.
E vocês? Dedicam este tempo de observação? Acompanham-me neste desafio?
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