Acho que ao lerem este título, devem ter pensado logo: "Esta rapariga anda mesmo com falta de imaginação para os títulos!" ou "Olha a bela da frase cliché!". Sim, podem ser sinceros, atirar a primeira pedra ou dizerem-me que sou um ovo podre mas nem sempre os títulos tcharan me surgem assim facilmente... Podem dizer que é falta de jeito, que os neurónios foram de férias ou então culpem apenas o cansaço acumulado das últimas semanas... Happy Mom, aqui me confesso: a inspiração existe mas nem sempre brota por todos os poros! eheh
Figura Willow Tree na Home Sweet Kids
Ora bem, depois desta primeira divagação (ou chamem-lhe desabafo, se quiserem!), vamos lá falar de outras coisas... O título cliché que dei a este post não é ingénuo... Depois de ler a crónica "Mães, carreiras e dinheiro. Um puzzle lixado" no blog Crónicas da Maternidade, só me podia lembrar mesmo de um título assim! Já por estes dias tinha escrito sobre o efeito que a dificuldade em dizer não pode ter sobre nós e o de podermos ficar assoberbadas com 1001 tarefas para fazer... Quando partilhei o post na página do Facebook, até inventei um nome para um novo movimento, #maternidadeapassodecaracol, tudo a bem da nossa sanidade mental e por mais tempo de qualidade em família, por menos correrias e por menos foco em objectivos que em nada nos deixam realizadaos ou felizes. Dizer não em adultos é, talvez, das coisas mais difíceis que fazemos e a qual temos mais dificuldade em interiorizar. Ao ler do post da Patrícia do blog Crónicas da Maternidade só me fez ter ainda mais presente o dilema que mães e pais dos dias de hoje enfrentam: conciliar a carreira e a vontade de trabalhar que têm, a necessidade de trabalhar porque sonhos não chegam para pagar as contas que aterram na nossa caixa de correio todos os dias e ter todo o tempo do mundo disponível para a família que sonham e a forma como querem que ela seja todos os dias. De uma forma ou de outra, já todos chegámos à conclusão de que o trabalho interfere com o nosso tempo em família (e o inverso também acontece, ainda que nem sempre se olhe este problema desse prisma).
No início de 2015, e depois de um longo ano de muita pesquisa, estatística e investigação (e ainda faltavam uns mesitos para descobrir que ia começar a maior aventura da minha, vida ser mãe), defendia eu uma tese de mestrado exactamente sobre este tema: o conflito trabalho-família. Ainda que se ache sempre que este conflito existe e que todas as pessoas o vivem da mesma forma e no mesmo sentido, isso não é verdade. O conflito existe e tanto pode ser no sentido do trabalho sobre a família ou vice-versa. O nível de conflito depende sempre do nível de importância que cada pessoa dá a cada uma das áreas da sua vida e não existe uma receita infalível para impedir que esse conflito exista, seja a nível da própria pessoa e das suas estratégias em lidar com as dificuldades, seja a nível das empresas que possam desenvolver mecanismos que facilitem a vida familiar de que para elas trabalha. É um caminho que se constrói todos os dias, passo a passo e sem pressas, a bem de uma estrutura de apoio que seja sustentada e que dê verdadeiros frutos e que não seja apenas para fazer bonitos placards que se afixam num corredor de um qualquer local de trabalho. E, pasmem-se ou não, quando se fala de trabalho e de família, pode haver ainda a possibilidade do efeito de um no outro poder ser positivo e aí temos a situação do enriquecimento trabalho-família. Sem querer entrar por um caminho demasiado académico e enfadonho, viver o trabalho e a família é de cada indivíduo e nem todos encaramos estas realidades da mesma forma. Quantos casais não adiam de forma indefinida no tempo o momento de serem pais tudo a favor de terem a carreira de sonho para a qual tanto estudaram? Quantos casais se vêem em trabalhos precários que lhes dificultam a possibilidade de concretizarem o desejo de constituírem família e de terem a casa dos seus sonhos? Quantas empresas não aceitam novos colaboradores se eles referirem que têm filhos ou que tencionam vir a ter? Mas, por outro lado... Quantos chefes não são o céu na terra e que apoiam quem com eles trabalha em poderem estar presentes em todas as festas da escola e em todas as consultas? Quantas empresas não desenvolvem projectos em que é possível levar as crianças para o local de trabalho dos pais durante as férias e em que criam um conjunto de actividades para que elas possam estar divertidas? Quantas empresas não possuem creches nas suas instalações potenciando a proximidade dos pais aos mais pequenos na fase inicial das suas vidas?
O nosso mundo não é perfeito e é preciso ter uma fonte de rendimento que nos dê a estabilidade necessária para darmos aos nossos aquilo que sempre desejámos e termos o conforto mental de sabermos que podemos fazer frente a qualquer situação que apareça de surpresa. Ser mãe e pai nos dias de hoje não é nada fácil. Mas cabe-nos a nós dar a volta e tentar fazer frente a esse leão que é a competitividade no local de trabalho, sem ganhar rugas nem cabelos brancos, nem muito menos desesperar!
Porque eu quero acreditar, todos os dias, que é possível ter o que desejamos vivendo mais lentamente!
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