Uma amiga partilhou ontem uma imagem no Facebook que me deixou a pensar... Não sei dizer qual era a fonte mas dizia algo do género: passamos o dia inteiro no trabalho a tentarmos ser as melhores do mundo e levamos o tempo em casa a tentarmos ser as melhores mães do mundo (juntaria aqui também a parte de sermos as melhores na relação com o pai dos nossos filhos). E depois das quatro últimas semanas que tive, isto deixou-me a pensar...
Já escrevi por aqui há coisa de uns dias que tinha tido, pela primeira vez, o sentimento de estar a perder algo do dia do meu baby boy. Com três semanas a ter um dia bastante preenchido e a não poder levá-lo e ir buscá-lo à escola todos os dias (como sempre fiz, juntamente com o pai, desde que foi para a creche há dez meses), o sentimento de ter de abrandar começou a estar dentro do meu peito, de uma forma como nunca tinha estado. Ou pelo menos, de uma forma tão consciente como por estes dias. Desde que fui mãe, que assumi que não traria trabalho para casa e que o tempo em casa seria dedicado a gozar o tempo em família, de qualidade, permitindo todas as brincadeiras e gargalhadas possíveis ao meu filhote. Foi um compromisso que assumi mas que confesso não ser nada fácil que isto de trabalhar e estar a terminar um doutoramento ao mesmo tempo tem muito que se lhe diga, como devem imaginar... A exigência de investigar ao nível de doutoramento (junto com o meu defeito - ou feitio! - de ser extremamente exigente e perfeccionista comigo) leva-me a dar tudo por tudo fora de casa e, felizmente, apenas tive de dedicar uns dois dias de fim-de-semana a este projecto depois do bebé nascer. Não é fácil, sai-nos do pêlo como se costuma dizer, mas quero acreditar que é por um bom motivo.
Por isso, o que li faz todo o sentido... Quantas de nós não nos sacrificamos todos os dias para conseguir dar resposta a tudo aquilo que temos para fazer, desde a nossa família e casa, às tarefas e responsabilidades do trabalho, passando pela parte de cuidar de nós e fazermos aquele desporto de que tanto gostamos e encaixar também os momentos com os amigos que também fazem falta. Num mundo que gira a uma velocidsde alucinante, nem sempre se consegue dizer não. E acho que é essa incapacidade inerente a muitos de nós que depois nos leva a ficarmos com um sentimento de impotência ou de que somos menos capazes e piores pais que aquele casal espectacular e sempre bem disposto com que nos cruzamos quando vamos levar os nossos filhos à escola. A capacidade de dizer não , que fui ganhando desde que fui mãe, é a que me permite chegar a casa e conseguir dar a atenção que quero dar à família que vou construindo todos os dias. Porque eles precisam de mim, serena e tranquila, e com força para o que der e vier.
Não é justo que uma sociedade deseje ver, em cada mulher, uma wonderwoman da Marvel, com a sua força sobrehumana de dar resposta a tudo e a todos! Não somos mulheres polvo com mil e um tentáculos, ainda que muitas vezes cheguemos a dar essa impressão. A pressão que a sociedade de hoje coloca sobre os ombros das mulberes, que têm de ser profissionais de topo e mães e mulheres à antiga (como se passassem todo o dia em casa como fizeram as nossas avós ), acarreta muita carga negativa e pode trazer muitos problemas quando não formos capazes de dizer não ou de pedir mais tempo para aquilo que precisamos de fazer, nem que seja descansaf no sofá apenas porque sim.
Por aqui, o esforço em dizer não e aprender a andar a uma velocidade mais baixa está presente todos os dias. E é por isso que termos como o slow parenting me fazem tanto sentido: não sobrecarregar os mais pequenos com agendas e mil e uma actividades retirando-lhes aquilo que lhes deve ser mais precioso quando são mais pequenos, que é a brincadeira! Acho que qualquer diz ainda lanço o movimento #maternidadeapassodecaracol... Para que todas possamos desfrutar mais desta nossa condição sem estarmos a correr uma maratona olímpica a contar para record do mundo!!
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