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Não é connosco... mas podia ser...

Esta foto de Paulo Cunha (Agência Lusa) é, provavelmente, uma das que mais foi partilhada nos últimos dias e aquela que mais mexeu comigo. Dante e o seu inferno regressou novamente a este cantinho à beira mar plantado e voltámos a reviver a angústia e o crescer do número de vidas interrompidas cedo demais por causa dos incêndios. Quatro meses após Pedrógão Grande, a tragédia que pensámos nunca acontecer, a realidade veio mostrar-nos que, para além de poder acontecer, ela pode voltar a repetir-se e a mudar a vida de tantas pessoas num abrir e fechar de olhos.

Lia por estes dias que o pinhal de Leiria, que todos recordamos de ouvir falar nos bancos de escola por Dom Dinis, o nosso rei poeta, ter mandado plantá-los, perdeu cerca de 80% da sua extensão. Como é possível acontecerem situações destas? Como é possível perdermos tanto, ao nível de vidas humanas e de recursos naturais (já sem pensar nos recursos materiais que também se perderam)?

Esta fotografia de Paulo Cunha mexeu comigo... Porque retrata a impotência de um país, o cansaço, o desgaste físico e mental, a incapacidade de fazer frente a um monstro que nos entram portas adentro... Aconteceu aos outros mas podia ser connosco.

Apesar de este blog ser mais de partilhas sobre a minha aventura enquanto mãe, é impossível não escrever sobre o assunto quando se vê o desespero de tantos país e de tantas mães por não saberem dos seus filhos ou de como será o dia de amanhã. Portugália não pode indefinidamente desinvestir num dos seus principais recursos naturais que é a floresta (tão reduzida agora). Não pode permitir que tantas vidas terminem e que falte tanta ajuda quando o fogo anda perto. Mais do que atribuir culpas a este ou aquele ministro, há que apostar na formação e profissionalização dos nossos soldados da paz. Temos forças armadas que vão para o terreno quando são chamadas a isso (para os mais desconhecedores, os militares não podem chegar ao teatro de operações de um incêndio apenas porque lhes apetece. Tem de haver uma acção concertada e um pedido formal para que esse auxílio seja prestado. E acreditem que muitos são os militares que estão de prontidão todos os dias para irem ajudar onde seja mais preciso. Basta que alguém os queira lá...). Mas olhemos para este no bombeiro e para o sentimento é impotência que ele partilha connosco... Há que apostar em torná-los profissionais e capacitá-los com outras competências e meios que, por serem voluntários, não conseguem ter. Há que proporcionar-lhe as condições para fazerem o seu trabalho e dar-lhes mais probabilidades de voltarem a casa ao final do dia. Enquanto a maior parte dos nossos bombeiros forem apenas voluntários e estivermos dependentes da boa vontade das populações que contribuem para o quartel de bombeiros da sua localidade tenham uma nova ambulância, não vos chegar a lado nenhum.

Apostemos nestes nossos soldados da paz... Para que o Paulo Cunha não tenha de retratar mais nenhum momento de desespero lido na linguagem corporal de um bombeiro...

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