Li ontem num post da Claúdia Gonçalves Ganhão na sua página do Facebook uma partilha sobre como ter mais sucesso no trabalho do blog Miss Kale. E isto deixou-me a pensar... No post pode ler-se, logo no título, que existem formas de ter mais sucesso sem que isso tenha de implicar trabalhar mais.
Bem... Aqui começa logo a dar que pensar (e um título bem escrito de um post deve ser mesmo assim!)... Na maior parte das vezes em Portugal associamos o ter sucesso a uma componente material, ausente de um significado mais profundo mas que as pessoas valorizam em demasia. Espera que ter sucesso seja quantificável pela remuneração e as recompensas recebidas no trabalho, sem que isso obrigatoriamente signifique que estamos mais identificados com o trabalho que desenvolvemos ou que sintamos que aquela será a nossa organização para sempre. A necessidade de ter sucesso é intrínseca no homem na sua necessidade de ser reconhecido pelos demais. É importante saberem quem somos e associarem-nos à imagem de fazermos bem feito. Gostamos que nos reconheçam e não é à toa que muitos buscam os seus quinze minutos de fama... Mas ter o melhor carro, a maior remuneração e os maiores prémios será mesmo ser bem sucedido? É assim que se quantifica o sucesso?
Infelizmente, nem sempre os mais bem sucedidos são os mais bem amados... É uma verdade... Muitas vezes, para chegar longe, há quem sacrifique os seus valores e a sua forma de estar apenas para poder ser colocado numa posição de destaque, alcançada não da melhor forma, e que deixa todos os outros desconfortáveis e a olhar de forma diferente. Como a Miss Kale refere no seu post, um dos primeiros passos para se ser bem sucedido passa exactamente por reformular como olhamos para o sucesso. Temos a obrigação, enquanto seres humanos, para deixar de olhar para o sucesso como obrigatoriamente associado a recompensas que são visíveis aos demais, quase como que em jeito de ostentação. O sucesso, primeiro que tudo o resto, deve ser sentido por nós próprios, no nosso interior, e, principalmente, sermos capazes de deitar a cabeça na almofada com um sentimento de realização e de serenidade. Devemos esquecer egos e necessidade de afirmação e olhar para o que vai dentro de nós e perguntar: no final do meu dia e em todos os campos da minha vida, tenho sucesso?
Quem se dedica às questões da psicologia e dos recursos humanos, entende que a motivação não pode ser meramente extrínseca, vir de fora de nós, como acontece com os prémios mascarados de cenouras que colocam diante de nós para sermos bem sucedidos. Antes de mais nada, a motivação deve vir de dentro de nós, emergir em todos os momentos com autenticidade e permitindo-nos ir mais longe apenas e tão somente porque isso nos vai fazer sentir bem. Deve ser intrínseco. Se, no meio disto tudo, tivermos a sorte de quem está ao nosso lado também achar que somos bem sucedidos, melhor! Mas o foco nunca deve ser primeiro nos outros e por último em nós para que não nos tornemos escravos inconscientemente.
Sabem o que é para mim o sucesso? Sentir-me bem todos os dias, quando desligo o computador no trabalho, sabendo que dei o melhor de mim em todas as tarefas. Os colegas de trabalho passarem por mim e cumprimentarem-me com um sorriso. É chegar todos os dias à escola do meu filho e ele receber-me de braços abertos. É ver o meu marido abraçar um projecto meu como se fosse dele porque sabe o quanto entrego de mim em tudo o que faço. Ter sucesso é ter os meus pais ao meu lado em todos os momentos e ver estampado no rosto deles as lágrimas de felicidade por verem que educaram bem aquela menina tímida que trouxeram ao mundo. Ter sucesso é muito mais do que algo material. Ter sucesso é ter a serenidade e a resiliência necessárias para deitar a cabeça na almofada, todas noites, de bem comigo e de bem com os outros. E, mais importante do que tudo, ter sucesso é saber que estou a conseguir caminhar lado a lado com o meu filho no seu crescimento e proporcionar-lhe uma infância fora de portas, carregada de momentos felizes. Ter sucesso é ver os olhos dele sorrirem de forma rasgada. E isso basta-me!
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