Avançar para o conteúdo principal

Super Nanny: o programa da semana (infelizmente!)

Estive a pensar se escrevia ou não sobre este assunto (há tantos posts já por essa blogosfera fora!) mas não consigo mesmo ficar indiferente aquele que, eu diria, é o programa da semana e pelos piores motivos... Falo do Super Nanny que estreou na SIC no passado domingo.

Neste programa, em cada semana, será focada uma família e os problemas que as suas crianças estejam a ter, havendo uma psicóloga de serviço disponível para resolver todos esses problemas. Bem... Antes mais, gostaria de deixar aqui bem claro o seguinte: conheço e tenho várias amigas psicólogas, muitas delas da área clínica, e admiro bastante o seu trabalho, a forma como conseguem ajudar diversas pessoas nos seus problemas. Sem estes profissionais, muitas pessoas não conseguiram ultrapassar os seus dias e devemos agradecer-lhes por existirem e por se dedicarem a ouvir e a capacitar quem mais precisa a dar a volta às suas dificuldades. Portanto, este post não tem nada de contra os psicólogos em geral... Apenas contra a profissional que dá a cara neste programa por uma classe inteira de profissionais e que, infelizmente, irá manchar a imagem dos psicólogos juntos da população em geral. Espero que assim não seja... A postura desta psicóloga está muito longe de ser a mais correcta (e mais profissional, a meu ver) e sinal disso é a postura que o Conselho Jurisdicional da Ordem dos Psicólogos já tomou indo analisar um conjunto de queixas que já foi apresentado contra esta psicóloga. 

Fiz questão de assistir a este primeiro episódio (porque apenas gosto de falar daquilo que sei e daquilo que já vi) e apenas vos digo que fiquei triste... Muito triste por ver ressuscitar os bancos do castigo que tanto eram utilizados no passado (sugiro-vos também a ler o post da No colo da mãe sobre este programa, intitulado "A palmada na hora certa"). Muito triste de ver serem usadas recompensas e castigos para "levar a água ao moinho" (sobre recompensas e castigo, recupero aqui um post que já escrevi sobre o assunto com inspiração Montessori: "Dar uma prenda, sentar a um canto... Queremos condicionar as crianças tipo Pavlov?". Sobre recompensas, castigos e Montessori sugiro ainda a leitura do post "Prémios e castigos" do Jardim da Descoberta). Mas mais triste ainda pela exposição a que esta (e outras crianças) são expostas no programa, sem dar qualquer importância à sua privacidade e sem as proteger dos comentários maldosos que irão ouvir de todos na rua e na escola depois do programa passar na televisão. A privacidade e o respeito pela criança é fundamental em todos os momentos (será que os produtores do programa conhecem a declaração universal dos direitos da criança?!) e, felizmente, já algo está a ser feito depois da transmissão do primeiro episódio do programa: a Comissão de Protecção de Crianças e Jovens refere que o programa pode estar a violar direitos fundamentais das crianças, especificamente os da imagem, reserva da vida privada e intimidade. Não tenho absolutamente nada contra as famílias que procura ajuda, seja de psicólogos ou de psiquiatras, quando sentem que já conseguem sozinhas. Aliás, dou os parabéns a essas famílias por reconhecerem as suas fraquezas, darem um passo em frente e conseguirem expô-las dentro das quatro paredes de um consultório (como muitos dos casos descritos por Pedro Stretch no seu livro "Parentalidade Positiva" e de que falei no post de ontem). Mas é apenas dentro dessas quatro paredes que essas fragilidades devem ser expostas, faladas e resolvidas e nunca diante a população de um país inteiro...

Fico triste que 1000€ (diz que é essa a quantia que os pais recebem pela participação no programa...) justifique uma exposição tão cruel das fragilidades de uma família, sem se focarem os verdadeiros problemas e se resolver efectivamente aquilo que existe para resolver. Espero que as consequências não sejam demasiado graves para estas crianças...

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Casar: recordar um dia tão especial!

Casamento. Aquele momento especial na vida de qualquer casal e que se deseja que seja único para toda a vida. O casamento pode ser mais ou menos tradicional mas é um momento que marca e que queremos que seja inesquecível para nós e para os nossos convidados. Desde o momento em que acontece o pedido, a cabeça (normalmente, da noiva) começa a fervilhar com mil e uma ideias para colocar em prática e a ansiedade e o stress vão aumentando exponencialmente com o aproximar da data.  Mas perguntam vocês? Porque estou eu a falar de casamentos num blog que é muito mais baby blog que outra coisa? Para quem não sabe, o meu casamento aconteceu no dia em que o meu filho fez um ano. Com o segundo aniversário do baby boy e o primeiro aniversário de casamento quase aí, estou em modo lamechas a recordar tudo o que foi preparar este dia, que foi tudo menos convencional. Querem saber como tudo aconteceu? Conforme já vos disse, o meu casamento não foi de todo tradicional. Não foi um casamento

Quarto de bebé: o nosso pequeno mundo!

Durante a gravidez e mesmo depois de sermos mães, o quarto do bebé deve ser um dos locais onde passamos mais tempo e um dos quais dedicamos maior atenção na nossa casa. Se durante a gravidez, a preocupação é decorar o quarto com todos aqueles pequenos detalhes que o tornem especial e único (sem que isso seja, obrigatoriamente, sinónimo de funcionalidade), depois de sermos mães e de percebermos aquilo que o nosso bebé e nós precisamos para as diferentes parte do dia, o quarto de bebé acaba por ir sofrendo algumas adaptações ao longo do tempo. O tema do quarto de bebé não é novo aqui no blog. Se a memória não me falha, já escrevi por aqui sobre pequenas sugestões para criar um refúgio para crianças felizes , já me inspirei na IKEA Portugal para vos dar sugestões de como criar um ambiente preparado Montessori-friendly no quarto dos mais pequenos e já escrevi também por aqui sobre como não deve faltar muito para haver algumas mudanças no quarto do baby boy neste início de 2018 . Passa

A pitada do Pai: quem precisa de inspiração para cozinhar?

Quando chega a hora de iniciarmos a diversificação alimentar dos nossos filhotes, inicia-se uma aventura pelo mundo das sopas mais variadas, das papas e da necessidade de termos receitas variadas para proporcionarmos diferentes de sabores e texturas às nossas crianças. A diversificação alimentar do meu filhote iniciou-se por volta dos seis meses e por aqui já escrevi sobre a preocupação que tenho com a alimentação dele. Por exemplo, no Natal, teve direito ao seus próprios doces . Também já falei por aqui da relação que pode existir entre Baby Led Weaning e Montessori e ainda como é possível descomplicar na hora da alimentação da criançada . Por volta dos seis meses do baby boy, iniciou-se também a descoberta de diversos blogs sobre alimentação infantil. De todos, existe um em que um pai se dedica a imaginar receitas e chama-se A Pitada do Pai . Recentemente, o Rui Marques levou um pouco mais além o projecto do seu blog e foi recentemente publicado o livro A Pitada do Pai , que