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Daquelas que pensamos que não nos acontecem...

Quando se vê a desejada risquinha cor-de-rosa no teste de gravidez, é inevitável começar a imaginar como vão ser os meses seguintes até à chegada do nosso bebé.  Fazem-se planos, idealiza-se o dia de parto, escolhe-se o nome do nosso filho e começam as primeiras compras de roupinhas e para a decoração do quarto. Pensa-se também,  de forma inevitável,  nas várias consultas e ecografias que iremos fazer, temos já pavor à prova de glicose e ao líquido horrivel que se tem de beber para saber se temos ou não diabetes gestacional mas tudo aquilo que imaginamos é que tudo decorrerá como uma gravidez de filme.

Mas a realidade, por vezes, não é assim tão nossa amiga, troca-nos as voltas e mostra-nos que não se deve idealizar demasiado pois as coisas nem sempre podem correr da forma que esperamos...

Sem qualquer tipo de lamentação ou de negativismo, a minha gravidez não foi fácil.  Já havia falado por aqui em tempos de todo o acompanhamento em Endocrinologia que tive para a diabetes gestacional diagnosticada ainda no primeiro trimestre. Dizem que eu tenho uma estrelinha para determinadas coisas e a gravidez não foi excepção... Por volta das 20 e poucas semanas, ainda ia eu no segundo trimestre da gravidez, comecei a sentir algumas dores na zona da cintura pélvica. Falei com a médica que me acompanhava e isso foi desvalorizado, dizendo-me que era normal e que era o corpo a preparar-se para o parto. Mas sabemos que não se trata de algo normal quando ficamos quase impedidas de andar e de sair de casa e quando dar volta na cama se torna um verdadeiro tormento, impedindo-nos de descansar. Como qualquer mãe, fiz umas pesquisas no amigo Google e li pela primeira vez o nome pomposo de síndrome da sínfise púbica. Sem saber bem se seria isso que me estaria a causar todas as dores e desconforto que sentia, decidi procurar ajuda de uma fisioterapeuta especialista em saúde da mulher e foi assim que encontrei a Estefania Garcia, o meu anjo de guarda na gravidez que me devolveu alguma mobilidade e que me permitiu viver a gravidez de uma forma mais agradável do que se tivesse desvalorizado a dor que tinha. O meu principal alerta é que não desvalorizem estas questões que vos podem impedir de viver a gravidez como desejariam e que vos podem impedir de sair de casa, como aconteceu comigo. Mesmo que o vosso médico diga que é normal, não têm de viver o resto da gravidez impossibilitadas de terem uma rotina normal no vosso dia-a-dia. Confesso que não foi uma situação fácil mas com todo o apoio da minha fisioterapeuta foi possível reduzir consideravelmente a dor e conseguir voltar a caminhar (ainda que mais lentamente do que seria normal) e a poder aproveitar os últimos momentos a dois como casal.

Convidei a Estefania para escrever algumas palavras aqui para o blog, explicando um pouco melhor como surge este tipo de síndrome. Muito grata por me ter cruzado com a Estefania e por a ter aqui a escrever-nos algumas palavras!


DOR PÉLVICA DURANTE A GRAVIDEZ

São muitas as mulheres grávidas que experimentam alguma dor aguda na zona da pélvis ou cintura pélvica durante a gravidez. As zonas do sacro e a sínfise púbica são as que mais se modificam, permitindo o alargamento da pélvis para facilitar a saída do bebé no momento do parto. Esta modificação tão fisiológica e necessária pode ser um inferno para algumas mulheres, principalmente nos últimos meses da gravidez.

A cintura pélvica não se trata de uma peça única, estando formada por várias estruturas que se articulam entre si. Durante as modificações que se dão até o dia do parto pode ocorrer algum desequilíbrio provocando desconforto ao deitar ou virar na cama, sentar ou inclusive pode impedir o andar da grávida.

As futuras mamãs que sentem algum sintoma de desconforto ou incapacidade para realizar algumas actividades devem consultar a um profissional antes que a situação piore. O tratamento da disfunção do sacro e/ou da sínfise púbica consiste no alinhamento das articulações mediante terapia manual e exercícios de estabilização, alongamentos e fortalecimento da musculatura que rodeia estas articulações. O fisioterapeuta, principalmente o especialista em gravidez e pós parto, é o profissional mais adequado para atender este tipo de situações. 

Estefania Garcia
Fisioterapeuta especialista em Saúde da Mulher

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